Há pessoas que têm dificuldade em poupar por terem o orçamento muito apertado, há pessoas que têm dificuldade por falta de organização e método, e há também quem tenha dificuldade por questões de disciplina. É que o caminho requer trabalho, método e comprometimento, e é aí que começa a dificuldade. Às vezes até poderíamos conseguir poupar alguma coisa, mas para isso seria necessário de abdicarmos de algumas coisas. Não conseguindo ter o melhor dos dois mundos, temos então de estabelecer prioridades. Costumo dizer nos meus workshops que não há mal nenhum em gastarmos dinheiro nuns sapatos que gostamos, ir aquele restaurante bom ou mesmo fazer a viagem de sonho. A questão é apenas uma: cabe no orçamento? Esse custo está planeado?

Para quem me responde “ah, mas isso se estar sempre a fazer contas é aborrecido…”, sabem o que vos digo “para mim, aborrecido é perder dinheiro”. E acreditem que não sou apologista de se viver no limite, ou seja, não aproveitar nada da vida mas ter a conta cheia. Todos conhemos muitos casos – sobretudo de pessoas de gerações mais velhas – que morreram com as contas recheadas ou grandes poupanças mas nunca viajaram, sairam da sua terra ou mesmo foram a um bom restaurante. Claro que isso não é o mais importante, e cada um sabe de si. Mas percebem o que vos estou a dizer, certo? Também conhecem o inverso: ou seja, pessoas que vivem no fio da navalha. São os ‘carpe diem’ que depois perante um imprevisto simples – avaria do carro, pagamento de impostos, ou uma questão de saúde – ficam quase à beira da bancarrota.

Em quase 15 anos dedicados a esta vida da educação e literacia financeira acreditem que já vi muitos casos. A diferença está no foco que cada pessoa tem. E isso é válido para o plano financeiro, pessoal ou profissional. Nós temos muito mais força do que às vezes acreditamos.

Partilho convosco 10 passos para uma estratégia de poupança, que abordei num dos livros que publiquei há uns anos. Depois, se quiserem poderei detalhar cada um deles, mas ficam aqui em jeito de lista rápida:

  1. Faça um ‘check up’ das suas finanças pessoais e avalie o seu estado;
  2. Trace objectivos concretos e reais;
  3. Anote todas as despesas que tem diariamente e, no final do mês, faça um mapa de entradas e saídas de dinheiro;
  4. Identifique quais são os gastos desnecessários;
  5. Reduza e corte esses gastos desnecessários;
  6. Aproveite o dinheiro resultante do corte nas despesas desnecessárias para amortizar uma dívida;
  7. Ultrapasse as questões de conflito que possam existir entre os objectivos que definiu e os apelos de consumo;
  8. Comemore as metas alcançadas e trace novos objectivos;
  9. Ao fim de três meses compare os seus mapas mensais de custos e receitas para perceber qual foi a evolução;
  10. Se está no caminho certo e continua a atingir os objectivos, mantenha-o;

O Desafio das 52 Semanas pode ser uma estratégia para iniciar uma poupança-objetivo.